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“Levantamento de barreiras      Arquitetónicas em Fátima”

No passado dia 13 de janeiro, depois de almoço, o nosso grupo partiu, com uma cadeira de rodas, uma câmara fotográfica e muita energia, pelas ruas de Fátima em direção ao Santuário de Fátima . No caminho, não só encontrámos alguns obstáculos para aqueles que têm deficiências motoras, como também nos deparámos com situações que são acessíveis para todos, sem exceção.

Passeios 

 

 

À medida que fomos caminhando pelas ruas de Fátima, uma de nós na cadeira de rodas, notámos que não há nenhuma zona nos passeios com menor elevação, que facilite a deslocação dos deficientes motores pela cidade de Fátima. Subir e descer passeios é uma tarefa difícil, que só com a ajuda de outrem é conseguida; de outra maneira, alguém que circule sozinho por Fátima de cadeira de rodas encontrará bastantes barreiras

 Passeio demasiado estreito, que põe em perigo os transeuntes, com ou sem dificuldades motoras. Avenida Beato Nuno, Fátima.

 Um desnível entre o início do passeio e a terra batida dificulta a circulação de cadeira de rodas. Rua da Padroeira, Fátima.

 

Subir para o passeio é igualmente difícil. Só com ajuda é que é possível subir. Avenida Beato Nuno, Fátima.

Terminal Rodoviário de Fátima

Ao circular pelo terminal rodoviário, notámos que está muito bem adaptado às cadeiras de rodas, apresentando rampas e zonas planas de fácil acesso. Contudo, a entrada do lado dos táxis, constituída por duas portas de vidro é um obstáculo para aqueles com deficiências motoras, na medida em que têm de empurrar a porta e tentar avançar ao mesmo tempo. Só com ajuda de alguém é que conseguem entrar.

Centro Pastoral Paulo VI e Santuário de Fátima

 Quando na Avenida de Dom José Alves Correia da Silva, Fátima, chegamos ao troço do passeio que dá acesso ao Centro Pastoral Paulo VI. Há que realçar que o facto de ser plano, amplo e direito, é bastante fácil para alguém que se encontra de cadeira de rodas chegar ao Paulo VI, com ou sem ajuda.

 Relativamente ao acesso e deslocação no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, é de louvar as áreas amplas e planas , com sombras e espaços verdes ao dispor dos habitantes e turistas que estão em Fátima. Todavia, reparámos que, para entrar na Basílica da Santíssima Trindade na porta lateral de São Tomé, um pequeno degrau, que para comuns pedestres é insignificante, para alguém que está de cadeira de rodas é um obstáculo difícil de contornar

Pequeno degrau, que dificulta a entrada na Basílica da Santíssima Trindade, Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Corredores espaçosos na Basílica da Santíssima Trindade, Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Passagem na porta que dá acesso à receção e reitoria do Santuário de Fátima.

Percurso Pedonal VIA SACRA

Neste dia, fizemos o percurso da Via Sacra com a cadeira de rodas, pois queríamos verificar se está adequado a todos. Gostaríamos que fosse possível para todos, com os seus próprios pés ou numa cadeira de rodas, percorrer este caminho e manifestar a fé em contacto com a natureza. No início, em terreno plano e na faixa do meio, onde é mais fácil empurrar a cadeira de rodas, devido à quase ausência de atrito, começamos a nossa Via Sacra .

 Este percurso é amplo, em calçada. No meio tem uma faixa em calcário, que facilita a deslocação em cadeira de rodas.

 

A alteração do piso num troço do percurso facilitou a deslocação em cadeira de rodas.  

Com escadas e uma cadeira de rodas torna-se complicado…

 

            Com o intuito de promover a igualdade na diferença e tornar Fátima numa cidade capaz de acolher todos, sem exceção, realizámos o trabalho descrito. Tendo em conta, não só os obstáculos com que nos deparamos ao longo do nosso percurso, mas também as zonas adaptadas àqueles com deficiências motoras, realçam-se alguns aspetos a melhorar bem como situações a valorizar.

"A viagem de Lisboa a Fátima" 
 

            No passado dia 8 de fevereiro de 2016, logo de manhã, o nosso grupo partiu rumo a Lisboa, com uma cadeira de rodas, uma câmara fotográfica, uma mochila com o almoço e muita energia. Com o objetivo de nos certificarmos que é fácil para qualquer indivíduo, peregrino ou não, oriundo do estrangeiro chegar a Fátima por meios de transporte públicos, fizemos o percurso viajando de metro, comboio, táxi e autocarro. Também relaxamos um pouco e apreciamos as vistas do teleférico do Parque da Nações.

Autocarro

Perto das 08:00, estávamos no terminal rodoviário de Fátima. Comprámos os bilhetes e aguardamos a chegada do autocarro.

Entrar no autocarro foi um bocado complicado, na medida em que o condutor não se mostrou disponível para ajudar. Quando lhe perguntámos como é que faríamos para levar a nossa colega, que estava de cadeira de rodas, o senhor respondeu simplesmente: «Então, deixam a cadeira aqui em baixo e ela sobe.»

            Uma de nós levou a nossa colega ao colo pelo corredor estreito do autocarro. Os restantes passageiros ofereceram ajuda, mas era difícil ajudar num espaço tão apertado como aquele. Uma possível solução para tal situação seria incorporar uma zona ampla no autocarro, permitindo deficientes motores entrar, sair e, portanto, viajar facilmente de autocarro.

No terminal rodoviário de Sete Rios, onde chegámos de autocarro, a ajuda do senhor condutor foi igualmente inexistente. De seguida, dirigimo-nos à estação de metro e comboios, muito bem sinalizada e de fácil acesso para todos

 Estação de comboios e metro

Fomos andando até à estação de metro para comprar os bilhetes, mas eis que encontramos o nosso primeiro grande obstáculo: escadas. Deparamo-nos com uma escadaria enorme, não pelo número de escadas mas pela largura da escadaria no seu todo. Muitos passageiros que iam e vinham do metro perguntavam se queríamos ajuda, mas optamos por chamar os seguranças

A larga escadaria, onde três seguranças levantaram a cadeira de rodas.

 Os seguranças que nos ajudaram, outra vez, a descer a escadaria.

 À espera do metro, na linha vermelha, com rumo ao aeroporto de Lisboa.

 Aeroporto

Quando chegámos ao Aeroporto de Lisboa, simulámos a vinda de um peregrino do estrangeiro. O espaço amplo e plano tanto dentro como na periferia do aeroporto torna a deslocação em cadeira de rodas bastante simples. As portas automáticas também são um aspeto a valorizar, na medida em que qualquer um, seja de cadeira de rodas, a pé ou com canadianas, entra e sai facilmente, basta mover-se e ativar o sensor que abre a porta

Teleférico

Portas automáticas na zona das chegadas do Aeroporto de Lisboa.

A manhã já passada, fomos até ao Parque das Nações, onde almoçámos. Percorremos o Passeio das Tágides, que está muito bem adaptado a cadeira de rodas, com o piso plano.

Centro Comercial Vasco da Gama

Por fim, fomos ao centro comercial passear um pouco, enquanto esperávamos pelo comboio que nos levaria até Caxarias. Não há nenhuma solução a sugerir, pois tudo estava adaptado a pessoas com deficiências motoras. Até algumas cabines telefónicas estavam mais baixas, facilitando o acesso por pessoas em cadeiras de rodas

Comboio Intercidades

Entrar no comboio intercidades não foi de todo complicado, pois um guarda levou uma plataforma que elevou a nossa colega de cadeira de rodas ao nível da carruagem, ajudando-a a entrar. Tínhamos duas opções: ou a nossa colega ia na sua cadeira, junto da porta, as quase duas horas de caminho, ou sentava-se junto de nós, numa cadeira muito mais confortável. Escolhemos a segunda e fomos, todas felizes, até à estação ferroviária de Caxarias.

 

Quando chegámos a Caxarias não havia nenhuma plataforma nem guarda que nos ajudasse com a cadeira de rodas. Contudo, contámos com a grande ajuda da atriz Teresa Tavares, que nos deu um autógrafo e com quem tirámos uma fotografia , e de outra gentil senhora para descer a cadeira de rodas, levar as nossas mochilas e levar a nossa colega ao colo.

Táxi

Assim que saímos da estação de comboios de Caxarias, o táxi número 13 do senhor José estava à nossa espera. O senhor condutor foi muito prestável, ajudando a arrumar a cadeira no porta-bagagens, depois de colocarmos a nossa colega no banco dos passageiros.

Terminal Rodoviário de Fátima

 O táxi deixou-nos no Terminal Rodoviário de Fátima, onde as nossas mães nos aguardavam. Fomos todas para as nossas casas, cheias de ideias para o nosso projeto e memórias que guardaremos para sempre.

Avaliação 

 

Os pontos fortes deste trabalho foram o espírito de cooperação, a boa comunicação, o grande interesse pelo projeto e a união e organização do grupo.

 

Foi uma experiência enriquecedora e extremamente gratificante, pois tivemos uma noção mais clara do que é a vida de um indivíduo portador de deficiência e como este é abordado/ ajudado na rua, num contexto de quotidiano. Todas nós experienciámos o que é estar nas condições destas pessoas e percebemos melhor o que sentem. Sentimo-nos solidárias ao poder participar numa possível mudança de mentalidades e a nível arquitetónico da cidade em que vivemos.

 

A implementação dos direitos das pessoas portadoras de deficiências tem um grande impacto na sociedade pela melhoria da qualidade de vida destes indivíduos, que terão menos dificuldades no seu quotidiano, promovendo, deste modo, a igualdade entre todos.

 

Ainda neste tópico, gostaríamos de salientar que o simples facto de implementar uma rampa numa pequena secção de cada passeio desta cidade, bem como em certos monumentos (ex.: Calvário Húngaro, Via Sacra, Fátima), tornaria a deslocação em cadeira de rodas muito mais fácil e tornaria a sociedade mais inclusiva, na medida em que esses indivíduos poderiam circular livre e independentemente, sem discriminação por estarem de cadeira de rodas.

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